Educação financeira para crianças


Publicado em www.tempodemulher.com.br


Seu filho pequeno começou a pedir as primeiras moedinhas para comprar guloseimas, brinquedos e jogos? Talvez já esteja na hora de ensinar a ele conceitos de educação financeira. De acordo com a especialista Cássia D'Aquino, as crianças abordam os pais cada vez mais cedo para pedir dinheiro. "Normalmente o despertar para esses assuntos acontece lá pelos dois anos e meio, principalmente as crianças que vivem em centros urbanos", afirma.

Na formação familiar atual, os pais saem para trabalhar e têm menos tempo para ficar com os filhos, então, quando estão juntos, fazem coisas relacionadas a consumo, como idas ao shopping, cinema. "As crianças podem até não saber falar, mas já entendem que o dinheiro dá acesso a coisas divertidas, coloridas e gostosas", ressalta Cássia.

Não sabe por onde começar? A especialista em educação financeira ajuda os pais leitores do Tempo de Mulher a acertarem na relação dos filhos com o dinheiro. Para aplicar as dicas, Cássia D'Aquino relembra dois conceitos básicos: Poupar é reservar parte do dinheiro visando algum objetivo. Economizar significa diminuir gastos. Boa sorte!

Ensinando o valor do dinheiro

Mesada: "É uma maneira, entre muitas, de iniciar a criança na educação financeira. Mas recomendo o repasse mensal só depois dos 11 anos, e o valor tem a ver com a maturidade do filho. Antes dessa idade, a criança deve receber o que chamo de "semanada". Nesse caso, o valor deve corresponder à idade do filho, um real para cada ano. Então, se ele tem 8 anos, dê R$ 8 semanais".

Ensine desde cedo seu filho a poupar: "Conceitos de educação financeira devem ser introduzidos na realidade da criança quando os pais começam a dar a "semanada". Proponha que parte do valor seja dedicado a uma poupança de curto prazo - uma poupança de gaveta, não necessariamente depósito no banco. Mostre ao seu filho que é preciso atribuir um objetivo ao guardar dinheiro, não 'guardar por guardar'. Os pais podem fazer esse exercício não só relacionando o dinheiro, mas o desejo da criança. Por exemplo, se o seu filho quiser consumir um chocolate ou uma bala, proponha que ele espere 15 minutos antes de comer. Ou proponha que só beba refrigerante aos finais de semana. Quando a criança se esforça para ter a capacidade de disciplinar seu desejo, vai ter de si uma percepção favorável, a de que consegue fazer o mesmo com o dinheiro".

Chame seu filho a participar de um projeto familiar: "Essa é interessante para fazer com seu filho quando já adolescente. Se pretendem fazer uma viagem em família durante as férias, peça a ajuda dele nas economias - ele pode deixar de fazer um passeio no final de semana, por exemplo -, e também no planejamento dos detalhes. Dê a ele a função de pesquisar o valor das passagens, do hotel, quais passeios pretendem fazer e quanto deve custar. É importante que os filhos saibam o valor das coisas e de que forma seus pais se organizam para oferecer esses passeios. Mas atenção: isso não significa colocar os filhos a par de todos os detalhes da situação financeira da família, dizer quanto os pais ganham, o valor das contas de água, luz, telefone, gás, escola, convênio e das dívidas. A dificuldade de os filhos entenderem isso pode custar muito aos pais. Eles podem pensar que, na verdade, não passam de um peso aos pais".

A consultora lembra também que os pais devem ser disciplinados em relação ao dinheiro. "Precisam fazer uso consciente da grana, têm que se preocupar em ser modelo. Claro que se já errou, não esconda, conte aos filhos como e porque aconteceu, eles podem aprender com esses exemplos também. O fato de dizer que tem ou tiveram dificuldade para se educar financeiramente pode ajudar a formar a consciência deles".

Pais: saibam como poupar pensando no futuro dos filhos!

Faça uma poupança para si: "Afirmo isso com convicção. Esse negócio de poupar para o futuro dos filhos e não pensar em si gera mais problemas futuros. Imagine anos mais tarde os pais sem condições de se sustentar, sem plano de saúde e morando na casa do filho".

Faça uma poupança para seus filhos: "Essencial, a partir do momento da decisão de ter filhos, os pais têm que tomar isso como obrigação. Somos todos mortais, não sabemos por quanto tempo estaremos vivos e os filhos precisam ter alguma segurança. Independente do que acontecer, vão continuar precisando ir ao médico, ir à escola, se alimentar, entre outros cuidados".

Invista num fundo de emergência: "Todos estamos sujeitos a ficar desempregados, profissionais liberais a perderem clientes, não fecharem negócios, passar por uma situação de doença na família. A maioria das pessoas que conheço e que se endividaram gravemente foi depois de passarem por uma desses casos e não terem esse tipo de segurança. Aliás, recomendo que o fundo de emergência seja formado prioritariamente ao dinheiro reservado ao filho ou à própria poupança".

O investimento deve ser pensado da seguinte maneira: você precisa guardar pelo menos um valor que corresponda entre 3 a 6 vezes o seu salário. Então se recebe R$ 700, tente guardar R$ 20 ou R$ 30 mensais até atingir a quantia do objetivo do fundo, ou seja, R$ 2.100 a R$ 4.200. Quando chegar ao valor, apesar de a tentação ser imensa, esqueça da reserva. Estabeleça que esse é o dinheiro que ninguém vai mexer, não serve para viagens, passeios, mas sim como conforto para socorros eventuais. É um fundo para ser construído devagarzinho e as famílias precisam investir nisso", finaliza.

Para mais dicas da especialista acesse: www.educacaofinanceira.com.br

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