Mamãe Fernanda Cole: Como a Leticia chegou ao mundo pra fazer a vida ainda melhor!


"Sou Fernanda, mãe de primeira viagem, 34 anos, apaixonada por esta nova fase da vida. Gostaria de escrever um pouco sobre o dia que minha pequena chegou ao mundo.
Desde que soube que estava grávida queria que o parto fosse normal (mesmo sem incentivo das amigas e da minha mãe), pois nunca gostei da ideia da cirurgia devido à recuperação e também gostaria que ela escolhesse quando nasceria, mas sem pressão, se algo não saísse como desejado saberia entender a Cesárea.

Li muito a respeito do parto humanizado, falei com o Dr. João, não gostava de ver vídeos e pouco conversei com pessoas que haviam tido parto normal. Não tive oportunidade de fazer fisioterapia pélvica, mas nunca deixei de fazer caminhadas e pratiquei muito alongamento que aprendi nas aulas de yoga. Graças à Deus a gestação foi muito tranquila e pude realizar meu desejo.

A Leticia nasceu no dia 21/10/2016. Estávamos de 38 semanas e 2 dias e nem imaginava que ela já estava pra chegar. Era uma sexta-feira, acordei cedo para o meu último dia de trabalho, não sentia dor nenhuma, mas observei um leve sangramento. Por opção do meu marido fomos à Femina para saber se estava tudo bem. Chegamos lá perto das 8 da manhã, eu estava muito tranquila pois continuava sem sentir nada. O médico que me atendeu disse que faria o toque e para nossa surpresa eu já estava com 5 centímetros de dilatação,  😲 e decidiu me internar. Me pediram para aguardar numa sala e foi aí que percebi o que já estava por acontecer. 
Liguei para as pessoas mais íntimas, avisei a empresa e pedi à minha mãe que separasse as malas. Às 9 horas me colocaram na sala de parto humanizado, lá estava a enfermeira Juliana (um anjo) que me apresentou tudo, nem parecia uma sala de parto, ela ligou o som (com músicas de relaxamento) e acendeu umas luzes azuis que deixavam a sala mais aconchegante. Fiz uma oração com meu marido para que o momento fosse abençoado,  assim como toda a gestação. 
Logo chegou a médica que foi muito querida, colocaram um aparelho preso na minha barriga para medir os nossos batimentos e a intensidade das contrações, ela fez o toque (que por sinal é algo meio desagradável) e me pediu para andar e fazer exercícios na bola de pilates para que ajudasse na dilatação. Foi o que fiz, continuava tranquila e conversava com os funcionários do hospital que às vezes entravam na sala. 
Por volta das 10h30, já estava com 6 centímetros de dilatação e a médica decidiu estourar minha bolsa para acelerar o processo (Todos achavam que logo ela nasceria). Senti um leve incômodo,  mas foi tranquilo. Neste momento meu marido (que havia ido buscar minha mãe) chegou e pôde ficar ali comigo, não tinha muito o que fazer,  mas ficava conversando e tirando fotos. E eu na bola de pilates... saía muita água e um pouco de sangue, comecei a sentir um leve desconforto. 
 Ao meio dia recebi o almoço, comi um pouco, não pela comida, mas porque tinha medo de comer e isso interferir na hora do parto (mesmo a enfermeira falando que eu tinha que me alimentar bem). Às 13:00 houve a troca da médica de plantão, eu ainda estava sem muita dor e com apenas 7 de dilatação. O plantonista da tarde fez o toque e pediu para continuar me mexendo.... por volta das 14:00 comecei a sentir as famosas contrações, era uma dor suportável que aliviava quando meu marido massageava minhas costas.
Elas ainda eram muito espaçadas, por isso a enfermeira me pediu para caminhar e fazer mais agachamentos. Foi o que fiz.... acredito que já eram 15 horas quando elas começaram a ser mais intensas e frequentes, foi aí que comecei a perceber o que estava por vir....não conseguia ficar deitada, me sentia melhor em pé e a cada contração ficava de cócoras (para mim era a melhor forma de fazer força),  pedi para ir ao chuveiro, pois disseram que ajudava a aliviar a dor e realmente funcionou.
Perto das 17 horas o médico entrou na sala e fez o toque, como ainda não havia dilatação suficiente, pois as contrações não tinham a intensidade necessária, me pediram para aplicar a ocitocina (aplicada como se fosse um soro, pingando bem lentamente) , aceitei e na primeira gota já senti a diferença. As dores ficaram mais frequentes e eu só conseguia ficar de joelhos no pé da maca  ou de quatro no chão para conseguir suportar e fazer a força (acredito que cada mulher saiba naturalmente qual a melhor posição para aguentar esses momentos).
Fui novamente para o chuveiro, continuava tentando manter a respiração tranquila e profunda, perto das 19 horas o médico fez o toque novamente, eu já estava com os 10 centímetros de dilatação e sentindo uma dor que me parecia insuportável, não resisti, num ato de desespero, pedi ao médico que tirasse minha filha de qualquer forma, fizesse uma Cesárea, ou qualquer coisa para aliviar a dor.
Confesso que nesse momento fiquei chateada comigo, pois já havia sentido tanta dor, chegado à dilatação necessária  e sucumbiria ali, tão perto da minha bebê chegar. Nesse momento chegou o médico do terceiro turno (já eram 19 horas), pedi a ele ao menos uma anestesia e ouvi que não teria mais como fazer isso naquele momento. Eu estava extremamente cansada, as contrações já eram mais espaçadas novamente e parecia que eu não conseguiria fazer mais nenhuma força.
Falei isso ao médico e ele disse que eu conseguiria sim, chamou a enfermeira da noite ( que também foi muito especial), pediu o banquinho de fazer o parto e disse que ele não sairia dali até que a bebê nascesse, nesse momento senti um misto de alívio, alegria e mais vontade de voltar a fazer força, pois até então quem ficava comigo (além do meu marido ) era a enfermeira, os médicos só passavam para fazer os toques.
Senti mais algumas contrações muito fortes, e da mesma forma que passei a tarde fazendo, ao senti-las, respirava profundamente, ficava de quatro ou de cócoras e sem gritar procurava me concentrar na minha bebê. Ahhh.. esqueci de dizer que a cada contração me perguntavam se vinha também uma vontade de fazer cocô (é bem esta a sensação).
A esta altura eu já sentia essa vontade sim... perto das 20 horas  o Dr. pediu que eu sentasse no banquinho, meu marido ficou sentado atrás de mim e ele na minha frente. Na porta da sala estavam a enfermeira e a pediatra, parecia que elas estavam me ajudando com os olhos. De repente senti a contração vindo, avisei o médico, segurei na mão dele, apoiei meus pés nos sapatos dele e fiz três forças muito fortes, senti ânsia de vômito (dizem ser normal), uma queimação na vagina, ouvi o médico  dizer que pôde vê-la e então olhou nos meus olhos e disse que era aquilo que ele precisava. 
Naquele momento eu ganhei energia e entendi como era a famosa força que eu tinha que fazer (estar sentada no banquinho ajudou muito). Veio mais uma contração, a queimação aumentou, e o Dr disse que mais uma e minha bebê estaria com a gente .
Senti vontade de rir e chorar, me concentrei, respirei e veio a terceira contração depois que havia me sentado. Avisei que estava vindo, meu marido começou a chamar nossa filha, o médico  disse que ela estava chegando e eu fiz a maior força da minha vida.... senti mais uma queimação e às 20h14 ela chegou!  (Linda! Com 2,820 kg e 49 cm). Não sentia mais dor nenhuma! Quando percebi ela já estava nos meus braços, linda, pequena, cansada como eu, nos olhamos uma a outra e nos agradecemos (nunca vou esquecer desse momento),  e ela deu um gritinho leve.
Nesse momento chorei, a coloquei bem perto do meu rosto e fiquei ali falando com ela e a cheirando (tenho até hoje o perfume dela na minha memória). A pediatra a tirou de mim e junto com meu marido foram examiná-la.  Voltei à realidade (pois parecia que não estava no hospital, com ela no meu braço parecia que eu estava flutuando). O médico e a enfermeira me levantaram para que eu deitasse na maca, percebi que estava bem tonta, quando me acomodei tiraram a placenta com muito cuidado e senti um leve incômodo e um enorme vazio na minha barriga. 
Em seguida o médico começou a passar um anestésico  para dar os pontos na laceração (não fizeram o pique, a laceração foi feita naturalmente na passagem da bebê).  Estava tudo ótimo comigo e com a Letícia! Fomos para o quarto e quando minha princesa chegou, percebi que ali estava começando a aprender a viver novamente. Que seria um recomeço , agora com a maior alegria proporcionada por Deus em meus braços! Saímos do hospital no domingo de manhã,  após fazermos o exame de icterícia. Estávamos super bem, o único incômodo que eu sentia era dos pontos, que "sumiram" em uma semana. 
Consegui escrever este relato apenas agora, de madrugada, com a Letícia dormindo em meus braços após mamar e na véspera de completar dois meses deste dia,  que foi o primeiro da nossa nova vida! Estamos nos conhecendo e aprendendo juntas a fazer a vida ainda melhor!



Um comentário:

  1. Muito bonito e verdadeiro seu relato. Tive dois filhos por parto normal, o segundo foi acompanhado pelo Dr. João Félix, também passei pelo momento "todo mundo acha que cesárea é melhor" e decidi pelo normal por medo de cirurgia, nunca nem quebrei o braço, tenho pavor de hospital. Nunca me arrependi, foram partos tranquilos, de recuperação rápida e tive a sorte de ser agraciada pela natureza e ter um trabalho de parto bastante rápido. Entrei no hospital às 10:00, passei pelo pédico do PA, esse exame do choquinho e às 14:00 meu filho nasceu. Esse mês Vicente completa 5 anos de alegria pura.

    ResponderExcluir