“Venho  dividir um acontecido comigo que às vezes possa ajudar alguém que  esteja passando pelo mesmo problema. Há 26 dias meu filho nasceu, via cesariana,   feita pelo Dr. João Félix, tudo perfeitamente normal após a cirurgia.


No décimo quarto dia depois do parto senti o lado esquerdo da minha   língua  anestesiado, como se eu tivesse  ido ao dentista, achei estranho, mas acabei não dando muita bola. 


No outro dia acordei já com o lado do meu rosto torto ( boca  torta, olho esquerdo não fechava completamente, sorrindo só com um lado da boca), achei que estava sofrendo algum derrame facial, AVC... sei lá! Corri para o hospital e me pediram uma tomografia de cabeça, que não deu nada alterado.  Como tudo isso aconteceu no dia 29 e 30 de dezembro, acabei passando o ano novo muito mal, sem saber o que estava acontecendo, só chorava muito.


Dia 02 de janeiro achei um neuro   que estava atendendo, só então ele foi me explicar o que estava acontecendo comigo! Me disse que tem vários motivos para isso acontecer, mas o mais provável ter acontecido comigo foi por causa de algum estresse sofrido durante a gravidez ( que  para mim foi uma gravidez muito tranquila, tive alguns já no final da gravidez...) e o estresse do pós parto ( cansaço, poucas horas de sono... ). Ou  seja,   eu estava sofrendo uma PARALISIA FACIAL ou PARALISIA DE BELL.


É uma infecção viral (algum vírus que já existe em nosso corpo, e acaba sendo reativado quando estamos frágeis e com a imunidade baixa, ele ataca os nervos da face. Ex: vírus   da   herpes), provocando flacidez súbita dos músculos faciais de um dos lados do rosto. O tratamento é lento,   o  tempo depende de cada pessoa, do tratamento e das fisioterapias diárias ( que é a única forma para condicionar os músculos da face novamente). Há pessoas que voltam a ter expressão no lado afetado em  um  mês, quatro meses, seis meses ou até  hum  ano!


Ao ficar sabendo disso chorei muito, porque reconheço que sou muito vaidosa e acordar com a cara torta de uma hora para outra não foi fácil! Senti vergonha das pessoas, de mim mesmo, não queria me olhar no espelho. Meu marido e meus filhos me deram muito colo e me falavam o tempo todo que isso não era para sempre, que iria ter reversão, eles foram minha âncora! A pessoas que gostam da gente e nos amam nesses momentos são fundamentais. 


Mas para nós que passamos isso na  pele,  cada hora ou cada dia é uma eternidade.  Durante a gravidez e depois do parto a mulher vive um momento de fragilidade e sensibilidade, onde qualquer coisa se torna um problema enorme, choramos até se alguém te chamar de bonita. E passar por tudo isso nesse período não é fácil  para  ninguém.   

Estou em tratamento desde o dia 02 de janeiro, fazendo fisioterapia todos os dias.  E a cada milésimo de expressão que volta no meu rosto é uma vitória!

Estou bem?  Fisicamente ótima, até porque isso não causa nenhuma dor, emocionalmente ainda um pouco abalada... mas   melhor  que  ontem e muito melhor que anteontem. Cada dia um recomeço e uma vontade enorme de voltar a sorrir de orelha a orelha. 


Só fiz esse depoimento porque até acontecer comigo eu não   sabia que   isso existia! Me senti muito sozinha, aos poucos fui achando pessoas que sofreram com isso também  e  passaram por todos esses sentimentos de querer se esconder, de não olhar para as pessoas, de se sentir feia... que  na verdade é um desenvolvimento natural do ser humano de aceitar, de se adaptar com a situação.


Rezo a Deus todos os dias que minha recuperação seja rápida, e que eu saiba tirar o melhor aprendizado de tudo isso, porque nada na vida da gente acontece em vão, tudo tem um sentido e um porquê.


Se tiver alguém passando por isso, digo:  você  não está sozinha, seja forte, por você,  por seus filhos e pelas pessoas que  você ama, e tenha paciência, muita paciência porque graças a Deus é reversível, é só mais uma fase difícil que iremos superar”! - Thádia Alves, em 11 de janeiro de 2017.

"Sou Fernanda, mãe de primeira viagem, 34 anos, apaixonada por esta nova fase da vida. Gostaria de escrever um pouco sobre o dia que minha pequena chegou ao mundo.
Desde que soube que estava grávida queria que o parto fosse normal (mesmo sem incentivo das amigas e da minha mãe), pois nunca gostei da ideia da cirurgia devido à recuperação e também gostaria que ela escolhesse quando nasceria, mas sem pressão, se algo não saísse como desejado saberia entender a Cesárea.

Li muito a respeito do parto humanizado, falei com o Dr. João, não gostava de ver vídeos e pouco conversei com pessoas que haviam tido parto normal. Não tive oportunidade de fazer fisioterapia pélvica, mas nunca deixei de fazer caminhadas e pratiquei muito alongamento que aprendi nas aulas de yoga. Graças à Deus a gestação foi muito tranquila e pude realizar meu desejo.

A Leticia nasceu no dia 21/10/2016. Estávamos de 38 semanas e 2 dias e nem imaginava que ela já estava pra chegar. Era uma sexta-feira, acordei cedo para o meu último dia de trabalho, não sentia dor nenhuma, mas observei um leve sangramento. Por opção do meu marido fomos à Femina para saber se estava tudo bem. Chegamos lá perto das 8 da manhã, eu estava muito tranquila pois continuava sem sentir nada. O médico que me atendeu disse que faria o toque e para nossa surpresa eu já estava com 5 centímetros de dilatação,  😲 e decidiu me internar. Me pediram para aguardar numa sala e foi aí que percebi o que já estava por acontecer. 
Liguei para as pessoas mais íntimas, avisei a empresa e pedi à minha mãe que separasse as malas. Às 9 horas me colocaram na sala de parto humanizado, lá estava a enfermeira Juliana (um anjo) que me apresentou tudo, nem parecia uma sala de parto, ela ligou o som (com músicas de relaxamento) e acendeu umas luzes azuis que deixavam a sala mais aconchegante. Fiz uma oração com meu marido para que o momento fosse abençoado,  assim como toda a gestação. 
Logo chegou a médica que foi muito querida, colocaram um aparelho preso na minha barriga para medir os nossos batimentos e a intensidade das contrações, ela fez o toque (que por sinal é algo meio desagradável) e me pediu para andar e fazer exercícios na bola de pilates para que ajudasse na dilatação. Foi o que fiz, continuava tranquila e conversava com os funcionários do hospital que às vezes entravam na sala. 
Por volta das 10h30, já estava com 6 centímetros de dilatação e a médica decidiu estourar minha bolsa para acelerar o processo (Todos achavam que logo ela nasceria). Senti um leve incômodo,  mas foi tranquilo. Neste momento meu marido (que havia ido buscar minha mãe) chegou e pôde ficar ali comigo, não tinha muito o que fazer,  mas ficava conversando e tirando fotos. E eu na bola de pilates... saía muita água e um pouco de sangue, comecei a sentir um leve desconforto. 
 Ao meio dia recebi o almoço, comi um pouco, não pela comida, mas porque tinha medo de comer e isso interferir na hora do parto (mesmo a enfermeira falando que eu tinha que me alimentar bem). Às 13:00 houve a troca da médica de plantão, eu ainda estava sem muita dor e com apenas 7 de dilatação. O plantonista da tarde fez o toque e pediu para continuar me mexendo.... por volta das 14:00 comecei a sentir as famosas contrações, era uma dor suportável que aliviava quando meu marido massageava minhas costas.
Elas ainda eram muito espaçadas, por isso a enfermeira me pediu para caminhar e fazer mais agachamentos. Foi o que fiz.... acredito que já eram 15 horas quando elas começaram a ser mais intensas e frequentes, foi aí que comecei a perceber o que estava por vir....não conseguia ficar deitada, me sentia melhor em pé e a cada contração ficava de cócoras (para mim era a melhor forma de fazer força),  pedi para ir ao chuveiro, pois disseram que ajudava a aliviar a dor e realmente funcionou.
Perto das 17 horas o médico entrou na sala e fez o toque, como ainda não havia dilatação suficiente, pois as contrações não tinham a intensidade necessária, me pediram para aplicar a ocitocina (aplicada como se fosse um soro, pingando bem lentamente) , aceitei e na primeira gota já senti a diferença. As dores ficaram mais frequentes e eu só conseguia ficar de joelhos no pé da maca  ou de quatro no chão para conseguir suportar e fazer a força (acredito que cada mulher saiba naturalmente qual a melhor posição para aguentar esses momentos).
Fui novamente para o chuveiro, continuava tentando manter a respiração tranquila e profunda, perto das 19 horas o médico fez o toque novamente, eu já estava com os 10 centímetros de dilatação e sentindo uma dor que me parecia insuportável, não resisti, num ato de desespero, pedi ao médico que tirasse minha filha de qualquer forma, fizesse uma Cesárea, ou qualquer coisa para aliviar a dor.
Confesso que nesse momento fiquei chateada comigo, pois já havia sentido tanta dor, chegado à dilatação necessária  e sucumbiria ali, tão perto da minha bebê chegar. Nesse momento chegou o médico do terceiro turno (já eram 19 horas), pedi a ele ao menos uma anestesia e ouvi que não teria mais como fazer isso naquele momento. Eu estava extremamente cansada, as contrações já eram mais espaçadas novamente e parecia que eu não conseguiria fazer mais nenhuma força.
Falei isso ao médico e ele disse que eu conseguiria sim, chamou a enfermeira da noite ( que também foi muito especial), pediu o banquinho de fazer o parto e disse que ele não sairia dali até que a bebê nascesse, nesse momento senti um misto de alívio, alegria e mais vontade de voltar a fazer força, pois até então quem ficava comigo (além do meu marido ) era a enfermeira, os médicos só passavam para fazer os toques.
Senti mais algumas contrações muito fortes, e da mesma forma que passei a tarde fazendo, ao senti-las, respirava profundamente, ficava de quatro ou de cócoras e sem gritar procurava me concentrar na minha bebê. Ahhh.. esqueci de dizer que a cada contração me perguntavam se vinha também uma vontade de fazer cocô (é bem esta a sensação).
A esta altura eu já sentia essa vontade sim... perto das 20 horas  o Dr. pediu que eu sentasse no banquinho, meu marido ficou sentado atrás de mim e ele na minha frente. Na porta da sala estavam a enfermeira e a pediatra, parecia que elas estavam me ajudando com os olhos. De repente senti a contração vindo, avisei o médico, segurei na mão dele, apoiei meus pés nos sapatos dele e fiz três forças muito fortes, senti ânsia de vômito (dizem ser normal), uma queimação na vagina, ouvi o médico  dizer que pôde vê-la e então olhou nos meus olhos e disse que era aquilo que ele precisava. 
Naquele momento eu ganhei energia e entendi como era a famosa força que eu tinha que fazer (estar sentada no banquinho ajudou muito). Veio mais uma contração, a queimação aumentou, e o Dr disse que mais uma e minha bebê estaria com a gente .
Senti vontade de rir e chorar, me concentrei, respirei e veio a terceira contração depois que havia me sentado. Avisei que estava vindo, meu marido começou a chamar nossa filha, o médico  disse que ela estava chegando e eu fiz a maior força da minha vida.... senti mais uma queimação e às 20h14 ela chegou!  (Linda! Com 2,820 kg e 49 cm). Não sentia mais dor nenhuma! Quando percebi ela já estava nos meus braços, linda, pequena, cansada como eu, nos olhamos uma a outra e nos agradecemos (nunca vou esquecer desse momento),  e ela deu um gritinho leve.
Nesse momento chorei, a coloquei bem perto do meu rosto e fiquei ali falando com ela e a cheirando (tenho até hoje o perfume dela na minha memória). A pediatra a tirou de mim e junto com meu marido foram examiná-la.  Voltei à realidade (pois parecia que não estava no hospital, com ela no meu braço parecia que eu estava flutuando). O médico e a enfermeira me levantaram para que eu deitasse na maca, percebi que estava bem tonta, quando me acomodei tiraram a placenta com muito cuidado e senti um leve incômodo e um enorme vazio na minha barriga. 
Em seguida o médico começou a passar um anestésico  para dar os pontos na laceração (não fizeram o pique, a laceração foi feita naturalmente na passagem da bebê).  Estava tudo ótimo comigo e com a Letícia! Fomos para o quarto e quando minha princesa chegou, percebi que ali estava começando a aprender a viver novamente. Que seria um recomeço , agora com a maior alegria proporcionada por Deus em meus braços! Saímos do hospital no domingo de manhã,  após fazermos o exame de icterícia. Estávamos super bem, o único incômodo que eu sentia era dos pontos, que "sumiram" em uma semana. 
Consegui escrever este relato apenas agora, de madrugada, com a Letícia dormindo em meus braços após mamar e na véspera de completar dois meses deste dia,  que foi o primeiro da nossa nova vida! Estamos nos conhecendo e aprendendo juntas a fazer a vida ainda melhor!







A Vila do Sossego do Zé não é mais sossegada. Nessa canção o Zé Ramalho  canta  que o treponema dele não era pálido e nem viscoso. Pois é, hoje ele está ficando vermelho, rojo. Está ficando russo...

A doença retornou, tem dado as caras, aparecendo nas mães e  em seus bebês, a chamada sífilis congênita (que pode provocar várias alterações nada desejáveis no bebê, afetando o sangue, ossos, o sistema nervoso, entre outros).
Há mais de cinco anos eu não tinha visto nenhum caso positivo de sífilis congênita. Mas, há 120 dias...

Foi assim...

Era um sábado  pela manhã, visita de rotina nas pacientes internadas, um início de plantão sossegado. Estava pensando só em dar alta para alguma paciente de pós-parto e liberar leito para as vindouras. 




Mas naquele dia, há uns quatro meses, uma surpresa desagradável me aguardava. A sífilis congênita materializada naquela mulher e bebê. Levei um choque porque significou dizer que a doença conseguiu viver e está reagindo, ganhando força. Sorrateiramente ela sobreviveu, infelizmente.

Resistiu bravamente e agora... Começa a mostrar sua cara,  sua face cruel e maligna. Nesse dia, surpresos, o colega do plantão e eu percebemos a ponta do iceberg, que estão voltando os casos de sífilis, há muito tempo não via um caso de exame de VDRL positivo. E nesse dia, para nossa infeliz coincidência, foram dois casos positivos em um único plantão, sendo um no pré-parto e outro na enfermaria.

Poderiam  ser apenas dois casos isolados, mas não eram.

Em seguida  a Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia) emitiu um boletim de alerta para o recrudescimento da sífilis. Em contato com uma colega de um laboratório, vieram novos dados. Estão realmente  ocorrendo  vários casos de VDRL positivo. 



Panorama atual no Brasil - A situação atual da sífilis no Brasil,  segundo o boletim epidemiológico de 2016, é que de  2011 a junho de 2016 houve um aumento considerável no numero de casos de sífilis em gestantes em todo o país (129.757 casos), atribuídos a uma melhora no sistema de vigilância epidemiológica e a uma possível ampliação no acesso ao diagnóstico. 

São mães jovens, 51,6% das gestantes com sífilis eram da faixa etária de 20 a 29 anos; da raça/cor parda,  (46,7%) conforme registro na série histórica de 2005 a 2016. Mulheres que estudaram de quinta a oitava série incompleta (20,9%),  conforme declararam nos registros de 2007 a 2016.

Houve ainda um progressivo aumento na taxa de incidência de sífilis congênita: em 2006, a taxa era de 2,0 casos/mil nascidos vivos; e em 2015 foram diagnosticados 18.938 casos de sífilis congênita (98,1%) em neonatos, sendo 96,4% na primeira semana de vida, fazendo com que a proporção subisse para 6,5 casos/mil nascidos vivos.


Com esse panorama anunciado, reforço a importância do pré-natal. Em relação ao acesso ao pré-natal, em 2015, 78,4% das mães de crianças com sífilis congênita fizeram pré-natal, enquanto 15,0% não fizeram. Entre aquelas que fizeram o pré-natal, 51,4% tiveram diagnóstico de sífilis durante o pré-natal.

  
Mulheres em idade fértil, redobrem os cuidados em suas relações sexuais, prevenir é o caminho!
É sempre possível proporcionar uma boa experiência de vida, alegria e felicidade na hora do parto. Vou contar porque entendo assim. Recentemente, motivado pela cesariana a ser realizada em uma paciente  desacompanhada naquele momento e ambiente,  já que seus familiares não se julgaram aptos a acompanhá-la, fui motivado à necessidade de tornar a chegada do bebê a mais acolhedora e agradável possível.

 OBS: as fotos deste texto não são da mãe e do bebê desta  cesárea humanizada contada acima, mas da Roseli Xavier e de seu bebê Pedro (que também fez questão de se aninhar em meus braços).

Eu e a equipe  tomamos a decisão de realizar a cesariana humanizada. Procuramos tomar as medidas cabíveis ao caso para  deixar  a paciente mais ativa e participante do seu momento glorioso. Em nossa prática corriqueira muitas vezes passamos por momentos tão magníficos e não dimensionamos a grandeza e a importância de cada minuto, cada contato, cada emoção.

Vivenciar recentemente a visão sistêmica me fez mais sensível a esses momentos, onde valorizo mais e compartilho cada instante significativo no meu cotidiano. O resultado de ter propiciado aquela mãe vivenciar uma emoção  intensa com seu bebê foi mágico e toda a equipe da sala foi contagiada positivamente.

Pedro sendo amado imensamente pelos pais

A experiência foi tão emocionante que me peguei a dar as boas vindas ao bebê, o tomando em minhas mãos e anunciando a ele a presença dos titios adotivos: o anestesiologista;  o cirurgião auxiliar;  a pediatra, os auxiliares, enfim... toda  equipe presente no nascimento,  tornando  o  momento mais humano, com certeza. A chegada de um novo Ser ao mundo é única e como tal, precisa ser celebrada.

O carinho toca a alma

Foi a partir dessa vivência, extremamente emocionante,  minha decisão em  compartilhar essa forma de nascimento, que terei grande motivação em fazer, sempre que possível.

Existe a cesariana humanizada?

A cesariana como prática humanizada existe sim. Cada vez que o parto normal seja impossibilitado pelas mais diversas contra indicações ou complicações do parto vaginal ela pode e deve sempre que possível ser praticada. Existem algumas indicações básicas para que a cesárea aconteça, dentre elas podemos citar como, por exemplo, mulheres que já fizeram duas cesáreas anteriormente e que tem maiores riscos de parto normal, já que as contrações aumentam o risco de ruptura do útero.

Outra situação é quando o bebê não está com a cabeça para baixo, em apresentação não cefálica, sentadinho (apresentação pélvica). E durante o acompanhamento do trabalho de parto o registro deve ser feito no partograma, um tipo de gráfico que controla se as contrações, dilatação, batimentos cardíacos fetais, entre outros parâmetros,  estão adequados a cada hora ou meia hora, surgindo critérios para indicação de cesárea nestes casos, quando o trabalho de parto falhar. Por isso os ginecologistas precisam ficar atentos ao momento em que o procedimento deve ser feito.  

Diferentemente de uma cesárea normal, a mãe passa a ser mais valorizada e participante do momento do nascimento. O obstetra deve buscar as práticas compatíveis com o caso individualizado, aproximando o máximo possível do conceito do parto normal, visando proporcionar o conforto e a segurança da mãe e de seu feto, a participação mais ativa e na medida do possível o respeito à sua vontade e da família. O ambiente para o parto humanizado deve ser de total conforto.

A imagem que fica eternizada na mente e coração de toda mãe

Quais seriam as práticas consideradas humanizadas na cesariana?

Algumas medidas são recomendáveis para que se possibilite a concretização desse ambiente confortável e seguro  para o nascimento, dentre elas citamos os seguintes cuidados:

- Evitar o uso excessivo do ar condicionado. Segundo a pediatra Debora Dal Ponte, a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) a temperatura ambiente deve ficar no mínimo em 26 graus célsius;

- Diminuição da intensidade da luz do foco cirúrgico;

- Adequação do som ambiente, diminuindo os ruídos e até mesmo a colocação de um som ambiente compatível com o momento;

- O pai ou acompanhante escolhido pela mãe esteja presente na hora do nascimento. É recomendável e importante a restrição de acompanhantes  no ambiente cirúrgico para a diminuição dos riscos de infecção no pós-operatório;

- O corte costuma ser do mesmo diâmetro de uma dilatação vaginal (aproximadamente 10 centímetros);

- O médico pode ir narrando para a mãe tudo que está acontecendo, descrevendo os procedimentos que estão sendo realizados e anunciando o momento tão esperado;

- Os campos cirúrgicos podem ser abaixados para que a mãe veja seu bebê nascendo;

- A retirada do bebê é realizada de forma mais lenta;

- O corte do cordão umbilical não é feito de imediato, aguardando a diminuição ou o cessar dos batimentos do cordão;

- Caso o bebê esteja em boas condições, após isso, pode ir direto para o colo da mãe e começar a mamar. A principal vantagem desse tipo de parto é o estímulo para a amamentação. O ideal é que seja  na primeira hora, pois quanto mais cedo tiver início, maiores são as chances de dar certo;

- Retardo na separação dos dois, intensificando esse primeiro contato entre a mãe e seu bebê;

- Os primeiros cuidados são feitos ali mesmo, ao lado da mãe, enquanto a equipe termina o procedimento.

Referências:

1- Febrasgo - http://www.febrasgo.org.br/site/?p=8637 acessado 20/11/2016 – 12:00.

2- Raul Briquet; Antonio Guariento. Obstetrícia Normal. Barueri, SP: Ed. Manole, 2011.