Simulador virtual de parto aumenta segurança

Do G1, em São Paulo

Para identificar potenciais problemas na hora do parto, uma equipe de pesquisadores da Universidade Paris-Sud, na França, desenvolveu um simulador virtual que pode prever casos de alto risco e evitar cesarianas de emergência. O estudo foi apresentado à Sociedade Americana de Radiologia nesta terça-feira (29).

Combinado a exames de ressonância magnética do feto, o software "Predibirth" – mistura das palavras inglesas “predict” e “birth”, ou seja, “previsor de nascimento” – promete ajudar os médicos a avaliar melhor a probabilidade de uma mulher ter complicações ao dar à luz.
Pelo fato de o canal do parto ser curvo e não tão grande quanto a cabeça do bebê, a criança precisa fazer uma sequência de manobras para nascer. Uma falha nesse processo, como uma cabeça voltada para o lado errado na hora errada, pode resultar em um parto difícil ou anormal, chamado de distocia.
Simulador de parto (Foto: Radiological Society of North America)Simulador de parto pode evitar cesáreas de emergência (Foto: Radiological Society of North America)
 
A mecânica do canal de nascimento humano é muito complicada em comparação à de outros mamíferos", diz o obstetra Olivier Ami, coordenador do trabalho e PhD do Departamento de Radiologia do Hospital Antoine Béclère, da Universidade Paris-Sud.

Ami e sua equipe processaram imagens de 24 grávidas. O resultado foi uma reconstrução tridimensional dos fetos e da pélvis das mulheres, juntamente com 72 trajetórias possíveis da cabeça do bebê pelo canal do parto. Com base nessas simulações, o programa apontou a probabilidade de cada criança ter um nascimento normal.

Os resultados foram computados, e 13 mulheres tiveram parto normal. Três gestantes que deram à luz por cesariana eletiva – duas das quais carregavam bebês com excesso de peso – foram classificadas como alto risco.

Das cinco mulheres que fizeram cesariana de emergência, duas tinham anomalias no ritmo cardíaco e três apresentavam obstrução no canal do parto. Outras três mulheres deram à luz por extração a vácuo (com ajuda de instrumentos) e tiveram desempenho no simulador levemente favorável.

"Os resultados na previsão de distocia foram altamente precisos", afirma o pesquisador. "Nossa simulação parece representar uma melhora significativa na pelvimetria (medição dos diâmetros da pelve manualmente ou por imagem)".

A pelvimetria é comumente usada, mas não totalmente confiável, segundo Ami. "Uma pelve pequena pode ser capaz de dar à luz sem problemas, enquanto uma bacia grande pode precisar de ajuda mecânica durante o parto. Essa incerteza aumenta a taxa de cesarianas de emergência", destaca.

"Uma cesariana de urgência tem mortalidade de seis a sete vezes maior que uma planejada," compara Ami. "Com esse software, a maioria das cesarianas poderá ser prevista, e partos instrumentais de difícil extração podem desaparecer em um futuro próximo", conclui o pesquisador.
 

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