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No  palco, duas figuras centrais em total sinergia. Os flashes são  insistentes e a plateia assiste ao espetáculo que emociona até mesmo os  mais céticos: o encontro entre mãe e filho, que, mesmo juntos desde o  momento da concepção, jamais se viram e nunca se tocaram. O nascimento é  um marco na vida de ambos e estudos comprovam que a nossa capacidade de  amar se relaciona com a percepção de mundo que temos ao nascer.  E você  sabe o porquê? 
Durante  a gestação, a mulher opta pelo tipo de parto que trará seu filho ao  mundo, mas muitas delas não são conscientes desta escolha. O fazem por  medo, pressão e até por ignorarem os benefícios do trabalho de parto no  nascimento da criança. 
Dados  do Ministério da Saúde apontam que, em 2010, o Brasil registrou mais  cesarianas do que partos normais. Enquanto em 2009 o País alcançava uma  proporção de 50% de partos cesáreos, em apenas um ano, a taxa subiu para  52%. Na rede privada, o índice de partos cesáreos chega a 82% e na rede  pública, 37%. 
O  que muita gente desconhece são as vantagens que um parto normal pode  trazer ao bebê e a mãe. Estudos comprovam que as chamadas “cesáreas  eletivas” são as que representam maior risco. Nesse tipo de parto, a mãe  agenda o dia do nascimento e o bebê nasce sem que ela entre em trabalho  de parto, o que pode causar problemas de saúde, principalmente  respiratórios, na criança. No decorrer da história, o processo  fisiológico do parto natural sempre foi visto como dolorido e sofrível,  fazendo com que a mulher tivesse uma visão distorcida em relação ao  nascimento. Mas afinal, dá para reverter este quadro? 
Embora  todos saibam que a fisiologia do parto envolve uma experiência corporal  intensa, é possível encará-la com prazer e alegria, desfazendo-se de  mitos que deixam a cabeça da mulher em polvorosa. Claro que não é de uma  hora para outra que a mulher vai deixar de ter medos, afinal,  tratando-se do desconhecido, é natural que todo o processo faça com que  ela sinta-se amedrontada, mas tudo fica bem mais difícil se a mulher não  se informa e acata tudo o que ouve por aí. 
Para  começar, a ocitocina – o hormônio que estimula as contrações do útero  durante o parto e a expulsão – está presente na lactação, é responsável  pelo ato sexual e é um dos grandes responsáveis pela sensação de emoção  que a mamãe sente ao pensar no seu bebê. Ela também auxilia na maturação  pulmonar, grande conjunto químico de hormônios que produzem o leite.
Aquelas  contrações que na hora parecem indesejáveis, estão só preparando o  corpo para uma série de transformações que não culminam com o  nascimento. Muitos hormônios liberados pela mãe e bebê durante o parto  estão fortemente presentes na primeira hora de vida posterior ao  nascimento, quando a mãe e filho se reconhecem, formando uma sinestesia  perfeita, cada qual embebido em fluidos naturais que excitam sua  capacidade de amar.  Isso mesmo: o "hormônio do amor" é até absorvido  pelo bebê através da amamentação. 
Portanto,  quando for parar para pensar no tipo de parto, lembre-se de que é  possível vivenciar este momento pelas vias naturais, permitindo que o  corpo trabalhe de forma que a natureza o programou: certamente, uma  sucessão de acontecimentos culminará na melhora da relação afetiva entre  mãe e filho. Mas estes só acontecerão se a mãe estiver consciente de  sua responsabilidade em todas estas ações.  Pense nisso! 
Alberto Jorge Guimarães é  médico, ginecologista e obstetra pela Faculdade de Medicina em  Teresópolis (RJ) e mestre pela Escola Paulista de Medicina,  UNIFESP. Defensor dos conceitos de Parto Humanizado
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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